domingo, 24 de janeiro de 2010

PIRATARIA - História

Atos de pirataria eram as violências que os tripulantes de um navio sem bandeira praticavam indistintamente em alto-mar contra propriedades ou pessoas de qualquer país (embora hoje em dia este termo já seja aplicado a qualquer indivíduo que viola alguma coisa, como por exemplo, os piratas informáticos). Por isso esses homens não se submetiam a qualquer tipo de lei, o que os diferenciava dos corsários porque estes tinham a autorização de um reino que lhe concedia a carta de corso, como se dizia nos documentos antigos, e direcionavam suas atividades apenas contra os inimigos de quem que os contratara. O primeiro a usar o termo pirata para descrever aqueles que pilhavam os navios e cidades costeiras, foi Homero, na Grécia antiga, em sua Odisséia.

          As tripulações piratas eram formadas por pessoas de todos os tipos e procedências, principalmente os chamados homens do mar - sendo muitos deles escravos fugitivos ou servos sem rumo - que conviviam em um regime relativamente democrático, elegendo o seu capitão e podendo removê-lo a qualquer momento. Preferiam navegar em navios pequenos e rápidos que lhes permitiam lutar ou fugir, conforme lhes fosse mais conveniente, adotando a abordagem como método preferencial de ataque, seguida da luta corpo a corpo. Saqueavam as embarcações de mercadores que encontravam pela frente, mas ocasionalmente atacavam uma cidade ou um navio de guerra, caso o risco valesse a pena. Percorriam as rotas comerciais não só com o objetivo de se apoderar de tudo que tivesse valor, mas também não hesitando em capturar pessoas importantes e ricas para depois exigir quantias vultosas por sua libertação Normalmente, não tinham qualquer tipo de disciplina, bebiam muito e sempre terminavam mortos no mar ou enforcados, após uma carreira curta e violenta.

          Considerada em todos os tempos como um crime internacional, a pirataria era reprimida energicamente pelas nações civilizadas, sendo prática rotineira o enforcamento dos piratas (também chamados corsários, bucaneiros ou flibusteiros) aprisionados nas vergas dos mastros de seus próprios navios. O que não impediu, porém, que a atividade se tornasse comum no mundo antigo, sendo adotada por fenícios e gregos primitivos. Em certa época ela se tornou tão intensa no Mediterrâneo, que os romanos editaram uma lei especial, a Lex Gabínia, que dava poderes ditatoriais ao general Pompeu (106-89 a.C.) para que ele pudesse exterminar os piratas que em sua grande maioria eram asiáticos ou desertores romanos, ex-marinheiros. O que foi feito em tempo relativamente curto. Esses criminosos dos mares tinham seu estaleiro e arsenal na Cilícia, Ásia Menor, e alguns deles chegaram a reinar como príncipes sobre muitas cidades litorâneas.

          A partir do século 8 os vikings procedentes da Escandinávia pilharam as costas da Inglaterra, da França, da Espanha, e chegaram mesmo até à Itália, mas como esses assaltos foram aos poucos se tornando cada vez mais difíceis junto às terras européias, os piratas se espalharam pelos mares das Índias Ocidentais e da Nova Inglaterra, em direção do mar Vermelho e Extremo Oriente, e alcançaram as costas brasileiras no início do século 16, quando bucaneiros franceses chegaram várias vezes ao nosso litoral. Durante anos a ilha de Madagascar, no oceano Índico, situada ao largo da costa oriental africana, serviu de base aos piratas que agiam naquela região, e no século 18 a ilha de Tortuga, próximo da Hispaniola (ilha do mar das Antilhas, hoje dividida entre o Haiti e Republica Dominicana), tornou-se sede de uma república regular de piratas.

          Do fim do século 16 até o século 18, o mar do Caribe era um terreno de caça para piratas que atacavam primeiramente os navios espanhóis, mas posteriormente aqueles de todas as nações com colônias e postos avançados de comércio na área. Os grandes tesouros de ouro e prata que a Espanha começou a enviar do Novo Mundo para a Europa logo chamaram atenção desses aventureiros mal intencionados, dos quais muitos se tornaram lendários, entre eles Sir Francis Drake, Capitão Kidd, Barbanegra, Jean Lafitte, James Cook, Henry Morgan, Grace O'Malley, Anne Bonny, Martin Tromp, Mary Read, John Rackman, Bartholomeu Roberts, L’Olonnais, Roc Brasileiro e outros mais, cujas vidas inspiraram a produção de muitos filmes de sucesso.

          Mas com a chegada dos tempos modernos a pirataria acabou desaparecendo quase que por completo, subsistindo até pouco tempo apenas nas proximidades de Hong Kong, na China, e também nas Caraíbas, onde os piratas atacam de surpresa, com lanchas muito rápidas, nos espaços entre as ilhas.

     Diz a lenda que no ano 331 a.C., Alexandre, o Grande (356 - 323 a.C.), rei da Macedônia, ordenou a expulsão dos piratas do mar Egeu, e perguntou a um deles qual a razão pela qual estes tornavam os mares inseguros. O pirata respondeu-lhe: "A mesma razão pela qual vós fazeis estremecer o mundo inteiro. Mas como eu faço o que faço num pequeno navio, sou chamado pirata. Como fazeis o que fazeis com uma grande armada, vos chamam de imperador”. 

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